SIGEOLITERART 2024

O eixo “Ciência e Arte: estética, ética e política” pretende contemplar variadas epistemologias que compõem as reflexões da Geografia e do Turismo como campos do conhecimento que possuem a possibilidade de realização como ciência, mas não estão rigidamente circunscritos por essa modalidade. Nesses termos, tanto uma como outra, assumem a potencialidade de direcionar a sua prática e o seu discurso a partir de produções artísticas, entre elas, e em destaque, a Literatura. Com isso, entendemos que a Literatura, assim como a Dança, as Artes Plásticas e Visuais, entre outras modalidades do conhecimento artístico podem ampliar a nossa compreensão histórica, geográfica e turística de uma determinada realidade. Da mesma forma, que a Geografia, o Turismo e a História podem contribuir para o entendimento de uma determinada forma de Arte. Nestes termos, vale dizer que não queremos superpor a Ciência a Arte, muito menos fazer da Arte um mero instrumento da objetificação científica, a proposta é de diálogo e ampliação das fronteiras. A proposição aqui estabelecida comunica-se com o contexto contemporâneo, então as possíveis relações entre Arte e Ciência não devem se furtar em combinar as suas razões estéticas as dimensões éticas e políticas.

“Atos e processos formativos para ler e escrever o mundo: arte e ciência”. O sentido mais amplo e contemporâneo da educação humana exige que se tenha em mente processos formativos dinâmicos, orientados por elementos científicos e estéticos, por dimensões objetivas presentes na relação de homens e mulheres com o mundo e entre si, bem como pela subjetividade inerente ao pensamento, à criação artística, literária e, por que não, também na produção da ciência. O desenvolvimento de um pensamento geográfico, artístico e literário exige de pesquisadores das diferentes áreas a experimentação de distintas possibilidades de olhar, requer deles rigor no esforço compreensivo-analítico sobre a experiência humana e na produção do mundo, bem como escolhas de comunicação que contribuam para a formação de sujeitos, homens e mulheres, contemporâneos antenados ao mundo e aos semelhantes, capazes de atuar na solução de problemas e na promoção da convivência genuína com o múltiplo, o diferente, próximo ou distante.

“Turismo, literatura e existências: experiências e deslocamentos” Turismo e intersecção com a Literatura via a valorização do discurso literário e dos bens simbólicos locais. Por um lado, estudos sobre a literatura de viagem, enquanto narrativas ficcionais ou documentais que apresentam referências explícitas às práticas turísticas e que encerram representações do espaço que adquirem o valor de atrações turísticas. Neste mesmo sentido, textos que promovem o turismo literário e que possuem a especificidade de implicar o deslocamento (real ou virtual) a lugares, de algum modo, relacionados com a literatura. Por outro lado, a discussão sobre os lugares literários: museus, casas de escritores, roteiros, festas, feiras e exposições literárias, bibliotecas, bares, cafés temáticos dentre outros. Ainda, por estarmos em um país com grande miscigenação, ou seja, com originalmente diferentes povos em sua formação territorial, a questão étnico-racial não pode ignorada. São inúmeras e incontáveis marcas deixadas por nossos ancestrais, tanto para grupos aldeados como para grupos urbanos. Encontramos suas marcas, principalmente nos nomes de lugares. Para além de toponímias, percebemos as marcas africanas e diaspóricas por diferentes espaços e de variados tipos como, na culinária, na forma de socialização, na cultura e nos patrimônios. Sendo assim, o turismo étnico-racial é presente e dialoga com a literatura, arte, sendo percebido territorialmente pela geografia.

“Geografias e Literaturas suleadas como conteúdo do direito de existir e dizer”. As pesquisas que assumem a cultura como objeto de pesquisa avançam em relevância nas ciências sociais e na geografia. Com isso, a questão racial, de gênero e a religião merecem destaque no campo de pesquisas que se concentram na relação entre geografia, literatura e turismo. Tanto a geografia quanto o turismo, ao estabelecerem relação com o literário, assumem a importância dos deslocamentos que a literatura propicia para o enfrentamento do racismo e tantas outras formas de opressões sociais, como por exemplo e por um lado, também, a afirmação socioespacial e política de grupos, por outro lado. Desta forma, no Brasil, o lugar das literaturas negras (sejam africanas e afro-diaspóricas), assim como as literaturas indígenas, juntamente com suas múltiplas transversalidades perpassadas por feminismos, diversidade de gêneros, sexualidades e religiões são significativas para pensar o mundo.